Uma coisa sempre me intrigou nas minhas andanças mundanas. Essa semana, num desses momentos "fast food" da minha vida, que confesso, pretendo abandonar, por conta de todos os colesteróis, gorduras trans e BLA BLA BLA, fiz um pedido de uma dessas bombas calóricas. Enquanto esperava ansioso a deliciosa tentação da vida moderna fiquei observando a vida do outro lado do balcão. Na verdade, já havia feito essa análise em outro momento, mas aproveitei pra refletir mais um pouco. Não vejo um mundo muito belo atrás daquele balcão. É um corre-corre desenfreado, e todo aquele calor aquelas máscaras, o suor. Realmente o pessoal dá um duro danado, durante várias horas por dia, sem sabermos se de fato descansam. E uma coisa interessante nisso tudo é a tal placa funcionário do mês. Acho fantástico! Primeiro porque é uma exploração da sua imagem, tipo é uma exposição do melhor espécime, digamos assim. Como nos tempos remotos da escravidão em que o senhor saía para feira para avaliar os melhores escravos e vinha um dono de escravos anunciando: aquele ali da foto é mais caro. Ele é forte, trabalha muito e tem bons dentes. Segundo, porque não acredito muito que a pessoa se esforce pra querer ocupar esse posto. Bem, não posso dizer isso. As coisas andam difíceis, ainda mais em terra brasilis, então o povo tem que saber rebolar e se sujeita a qualquer coisa se isso for pra sua "recolocação profissional". E pelo que vejo, há uma certa cobrança dos senhores, digo dos chefes, pra que se alcancem metas, desempenho, enfim lucros a qualquer custo, e isso quer dizer que todos têm que se espelhar no dito funcionário do mês. E aquele que não almeja isso estará fadado a periferia do bravo novo mundo de competição e carnificina. Não tem garra, volte pra barriga da sua mãe, meu caro! Aqui é Sparta, aos fracos só resta o cemitério prematuro! Mas, se pensarmos num mundo perfeito, leia-se sem dinheiro, ou melhor, no mais profundo da mente humana, onde pensar e sonhar ainda é permitido, continuo achando difícil alguém querer de fato ter sua foto e seu nome nessa placa. Fica uma lição pras próximas gerações, quando a arqueologia, ou mesmo alguém puder voltar no tempo e se deparar com tal ritual. Qual seria a perplexidade dos contemporâneos desse viajante do tempo quando voltar para sua era e contar que viu os primitivos seres humanos lutando para sobreviver no selvagem e extinto modo de vida chamado capitalismo, e tendo que se submeter a essa espécie de exploração.
Saudações ao homem do século LXII... bem, se ainda existir algum ser humano pra contar a história.
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