Estranhas coisas acontecem quando estamos na rua. Hoje é difícil as pessoas caminharem pela rua. As distâncias são muito grandes, o tempo é escasso, ou mesmo não queremos "perder" tempo andando, sendo que temos tanto a fazer: ver tv, entrar na internet, malhar etc. Mas, andar pela cidade é fascinante! Estamos perdendo o contato com a cidade propriamente dita. Atrás dos vidros fechados dos carros, ônibus e metrôs não podemos ver com calma aquela calçada com piso de tijolos, o detalhe do olho do skatista no grafite do muro, aquela lojinha de pássaros que fica do lado da farmácia que você nem sabia que existia, e pensava "aqui não tinha um fliperama?". É, nossa memória urbana se esvai tão rápido quanto uma conexão de banda larga às 3h da manhã de uma terça-feira. É preciso sentir a cidade, por pior que possa parecer. Sabemos que ela é desonesta, injusta, fedorenta, caótica. Em nada parece com uma Grécia antiga, uma antiga cidade asteca, ou mesmo a bela Roma do Império que transparecem para nós como lugares belíssimos e atraentes. São outros tempos, mas são nossos tempos. Vivemos aqui, nessas ruas sujas e esburacadas, nessas esquinas inseguras e perigosas, na mistura asfixiante de asfalto, concreto, sangue e suor. E temos que viver esse momento. Temos que andar por aí, conhecer nosso bairro, nossas calçadas, nossas pequenas cidadezinhas perdidas no mapa. Temos que conversar com pessoas, conversar com estranhos. Saber quem são aqueles que vivem no mesmo tempo que nós mesmos. Quem são eles? E aí, quem somos nós?
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